Aberta
Aberta é o disco da cantora INá IÊ lançado em 2020, onde ilustrei a arte da capa e diagramei o disco por completo, incluindo o pôster da capa com as letras das músicas em seu verso e as ilustrações no lyric vídeo "A Ursa e a Lua".




"Pelo amor da Deusa, a mulher tem o poder de escolha.
Não é a lei que muda escolhas."
A mulher pode dar à luz o que quiser; o corpo é dela e ela pode abortar, pode refletir e optar, assim como ela pode colocar silicone, pinto ou buceta. Ela é o que é, e ela se abre para que todos a vejam.


Ela se abre ao próprio poder: ela abre a sua vulva, a sua boca, os seus braços, as suas pernas. Ela deixa o universo escorrer por entre suas pernas de mulher. O seu sangue sagrado escorre na terra e se enraíza na pineal da grande Ursa, fertilizando o seu próprio caminho. A vida na terra tem uma missão, dela faz parte a luz e também a escuridão. As marcas na sua pele são a sua jornada, cicatrizes de cura, crescimento e sabedoria. As serpentes são a jóia daquilo que se transforma. Sua vulva se abre como uma lótus e dentro dela há um cristal luminoso. O seu útero é o caldeirão cósmico, a percepção do seu poder de criação. Os seus braços expandem essa percepção. O seu peito se abre como uma vulva, o portal do amor incondicional. A sua boca aberta é a voz da mulher que canta, fala e é poesia. Ela já não é mais silenciada ou calada. Suas faces se desabrocham na deusa de mil nomes e infinitas possibilidades. Ela é a jovem, a mãe e a anciã, seus frutos e suas folhas curam. Quanto mais alta é a árvore, mais profunda é a raiz. O sol é a abertura e a expansão da sua consciência, da sua verdade e essência. Seus braços se abrem para libertar os sabiás da mulher que sabe o que deve matar, sabe o que deve morrer, sabe o que vai conquistar; florescer, vingar e viver. Sua intuição flui em conexão com os ciclos da lua e o labirinto é a percepção que ouve o sussurro do mistério. Os triângulos são a integração dos elementos dos diferentes espectros da Deusa.



